quinta-feira, 26 de novembro de 2015



Meikyō: uma volta à adolescência


Sou saudosista em vários aspectos. Já comentei por aqui que desde criança nutria a vontade de aprender karatê, mas por várias razões não o fiz. Na época, quando ainda bem pequeno e estudava o Judô, os kimonos que se usavam mais (ou, ao menos, os que eu observava mais) eram os Nakano e Tigre. Meu primeiro kimono foi um Nakano, como já falei em outro post.
Posteriormente, já com meus 11 ou 12 anos e graduado, passei a usar os da Meikyō. 

Muitos irão se lembrar bem deles, e possivelmente ainda terão um bem usado... O que ocorre é que naquela época, meu pai me levava a uma das maiores lojas de artigos esportivos da cidade quando eu precisava de um kimono novo, e ao escolher meu judogi, sempre observava, com um misto de curiosidade e admiração, os karategis da Meikyō, tão diferentes dos judogis, sobretudo aqueles Heavy Canvas, de lona K12, que tinham as etiquetas com os símbolos da Nihon Karate Kyokai (assim como a japonesa Tokaido, a Meikyō tinha vários modelos com etiquetas diferentes, uma com um punho fechado, outras com o sol nascente vazado, e os modelos mais caros com os ideogramas da Kyokai e o sol nascente em cores vivas).

Os kimonos Meikyō, fábrica fundada em São Paulo em 1975, devo dizer, eram produtos de excelente qualidade e tinham um caimento como eu confesso que ainda não vi igual no Brasil (desculpem-me os outros fabricantes, mas fica a dica: até aqui não vi mesmo), embora haja várias marcas bem aceitáveis. Procurei bastante, mas ainda não encontrei um keikogi que tivesse a mesma elegância marcial, o mesmo corte tradicional japonês, o mesmo cuidado na fabricação, a mesma rigidez de costuras. 

Pois bem, neste meu retorno ao Dojô, anos depois, indo à mesma loja onde sempre comprava meus kimonos, tive a desagradável surpresa de saber que a fábrica havia lamentavelmente encerrado as atividades em 2011, e que não havia mais kimonos Meikyō à venda nas lojas.

Fazer o quê? Comprei um Atama reforçado, que apesar de não ser de lona também era bom, e comecei a treinar. Mas aquilo não me saiu da cabeça, porque o Meikyō era o kimono que eu realmente desejava, e insisti em procurar pela internet Brasil afora se não havia alguma loja com estoque defasado que ainda tivesse um exemplar "perdido"... Sem sucesso.

Porém, de tanto insistir, e encontrar muitas ofertas de kimonos mal conservados, rasgados ou de tamanhos inservíveis para mim, achei uma pessoa vendendo um usado em bom estado, e não somente era exatamente o tamanho ideal para mim, como o kimono estava em ótimas condições, creio que mal havia sido usado. Estava um pouco amarelado pelo tempo, afinal é um karategi que ficou guardado por uns 15 anos, pelo que entendi, mas não tem sequer desgastes ou manchas. Nada que algumas lavagens não resolvam. E ainda maior a coincidência: o modelo é exatamente o que eu "namorava" décadas atrás na tal loja. Valeu a pena esperar, hoje tenho o "kimono dos sonhos", e vou reservá-lo para exames de faixa e outras ocasiões diferenciadas, afinal provavelmente não encontrarei outro nunca mais:



Osu!

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